Alimentação e Actividade Física

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segunda-feira, 24 de maio de 2010

PERTURBAÇÕES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR




Anorexia e Bulimia

Todos nós comemos, não só porque necessitamos de o fazer, como também porque nos dá prazer. No entanto, como em qualquer comportamento humano, o modo de nos alimentarmos varia grandemente de pessoa para pessoa. Algumas pessoas comem mais, outras menos; algumas engordam com facilidade, outras não. Mas algumas pessoas chegam ao extremo de se magoarem as si mesmas, comendo em excesso ou restringindo a sua alimentação de uma forma abusiva. Nestes casos, podemos falar, respectivamente, de bulimia nervosa e anorexia nervosa.
Embora seja aparentemente fácil distinguir estas duas perturbações alimentares, as pessoas que sofrem das mesmas, por vezes, têm sintomas comuns, acontecendo frequentemente a bulimia desenvolver-se depois de um período de meses ou anos de sintomas anorécticos.
As mulheres sofrem destas perturbações dez vezes mais do que os homens, pelo que ao longo deste texto nos referiremos sobretudo às pessoas do sexo feminino. No entanto, também os homens devem ler este documento com atenção e procurar ajuda se acharem conveniente. Muitas das vezes, estas perturbações alimentares têm início na adolescência, enquanto os jovens ainda estão em casa. O apoio dos pais será essencial para que o processo terapêutico seja bem sucedido.

SINTOMAS

NA ANOREXIA:

• Medo de engordar
• Restrição da alimentação
• Perca excessiva de peso
• Prática excessiva de exercício físico
• Os períodos menstruais tornam-se irregulares ou mesmo inexistentes


A anorexia habitualmente tem início na adolescência, apesar de poder ter início num período anterior, a infância, ou posterior, aos 30, 40 anos de idade. Pensa-se que as raparigas oriundas de meios socio-económico-culturais mais elevados e diferenciados têm uma maior incidência desta perturbação, mas também as restantes podem vir a sofrer da mesma. Com frequência, outros membros da família já tiveram sintomas idênticos. Quase sempre, a anorexia tem início nas vulgares dietas que as adolescentes fazem. Cerca de 1/3 das pacientes com anorexia tinha peso a mais antes de iniciar tais dietas. No entanto, ao contrário das "dietas comuns", que terminam quando o peso desejado é alcançado, na anorexia a dieta e a perca de peso subsistem até que a pessoa atinge níveis de peso muito inferiores às esperadas para a sua idade. A quantidade ínfima de calorias que são ingeridas; a restrição cada vez mais acentuada de alimentos até ao ponto de só serem ingeridas saladas, fruta ou vegetais; a prática vigorosa de exercício físico e a tomada de comprimidos dietéticos, devem ser vistas como sintomas claros de uma possível anorexia nervosa.
Embora o termo "anorexia" signifique "perda de apetite", o que se passa na realidade é que a pessoa com anorexia mantém o seu apetite normal mas controla drasticamente o mesmo. Com o decorrer do tempo, a anoréctica pode começar a sofrer de sintomas opostos, próprios da bulimia e tentará, para eliminar aquilo que ingeriu, tomar laxantes ou provocar o vómito de modo a controlar o peso. Ao contrário das pessoas que sofrem de bulimia nervosa "pura", nas anorécticas o peso continuará a ser muito baixo.

NA BULIMIA

• Medo de engordar
• Alimentação compulsiva (incapacidade de controlar tais episódios)
• Peso normal
• Os períodos menstruais tornam-se irregulares
• Uso excessivo de laxantes e/ou indução do vómito

Esta perturbação alimentar habitualmente atinge uma faixa etária diferente, como seja as mulheres na casa dos 20 anos, que também tiveram um peso excessivo na sua infância. Tal como as anorécticas, as bulímicas sofrem de um medo excessivo de ganhar peso mas, ao contrário das primeiras, normalmente estas conseguem manter o seu peso normal. Isto sucede porque, embora tentem, através da indução do vómito e do uso de laxantes, perder peso, o facto é que têm episódios de alimentação compulsiva que não conseguem controlar. Estes episódios caracterizam-se por ingerir grandes quantidades de alimentos gordos em curtíssimos espaços de tempo, por exemplo, comer vários pacotes de bolachas, chocolates e bolos em apenas duas horas. Depois destes episódios, a bulímica irá induzir o vómito e sentir-se-á muito culpada e deprimida. Apesar de toda esta situação ser extremamente desconfortável, cria-se um ciclo vicioso que elas não conseguem ultrapassar e este padrão caótico de alimentação instala-se.



COMO PROCURAR AJUDA
Com os casos de anorexia, são habitualmente os familiares a aperceberem-se de que algo não está bem, ao repararem que a sua irmã ou filha não só está muito magra, como continua a perder peso. Apesar de para os outros esta perca excessiva de peso parecer alarmante, a própria dificilmente admitirá esse facto e continuará, pelo contrário, a achar que está demasiado gorda. De facto, mesmo os outros poderão não se aperceber da gravidade da situação durante algum tempo, uma vez que a vêem a comer grandes quantidades de "alimentos saudáveis" (obviamente dietéticos).
A pessoa com bulimia sentir-se-à frequentemente culpada e envergonhada dos seus comportamentos mas tentará escondê-los custe o que custar. Para além disso, ingerir grandes quantidades de comida e depois vomitar ou tomar laxantes poderá ser algo extremamente exaustivo e consumidor de tempo. Poderá afectar as suas performances académicas ou profissionais e certamente irá dificultar-lhe muito a sua vida social, pelo que admitir que tem um problema poderá ser extremamente positivo e causar grande alívio.
O primeiro passo para tratar estas perturbações alimentares, será obviamente o reconhecimento de que as mesmas se instalaram. Quanto mais depressa a própria ou os familiares admitirem que algo não está bem, melhor. Depois disto, é absolutamente indispensável recorrer de imediato a um médico psiquiatra ou psicólogo, preferencialmente numa consulta especializada, pois que a anorexia pode mesmo levar à morte. O próprio médico de família poderá fazer esta ligação e conduzir o processo da melhor forma. Será essencial o envolvimento de todas as figuras de ligação importantes e também estes devem ter apoio psicológico/psiquiátrico.

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